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Aprendendo com a Experiência de Nebraska

qui, 27/08/2015
Autor(es): 

Jayme Buarque de Hollanda - Diretor Geral do INEE; Secretário Executivo do PrEE - Programa Etanol Eficiente

Brad Holen, empresário norte-americano do estado do Nebraska é plantador de milho e envolvido com a produção de etanol. Acho que valeria a pena os colegas brasileiros do setor sucroalcooleiro meditarem sobre a experiência dele no que respeita o uso do etanol.

O Nebraska é um estado agrícola. Incomodava a ele e a outros empresários que, embora Nebraska fosse o segundo maior produtor de etanol dos EUA (9 bilhões de litros/ano, cerca de um terço da produção brasileira), 95% da produção era exportada. Eles se perguntavam se o etanol poderia ser usado de alguma forma em benefício do próprio estado.

Analisando os usos de combustível, concluíram que a melhor alternativa seria substituir o diesel, usado pelas moto-bombas de irrigação do milho, por etanol. Considerando, porém, a elevada eficiência dos motores diesel, só teria sentido substituí-lo em bases econômicas. Seria necessário utilizar um motor Otto (o tipo de motor usado nos carros a gasolina e flex) adaptado para aproveitar as propriedades do etanol que o tornam mais eficiente do que o motor a gasolina equivalente.

Isto foi feito por uma empresa que adaptou um motor Otto de grande porte (GM de 8,2 L) para substituir o acionador a diesel. Os resultados econômicos foram importantes: em uma safra (com 1000 horas de irrigação), um motor consegue fazer uma economia de US$ 8 mil com a economia de combustível.

Essa iniciativa poderia inspirar nossos produtores de etanol que utilizam dezenas de milhares de motores diesel na plantação, manutenção, irrigação, colheita e transporte entre o campo e a usina. Atuando de forma articulada eles têm uma capacidade de compra que certamente vai interessar fabricantes atuando no Brasil.

Usando motores apropriados, como fizeram no Nebraska, o produtor de etanol teria a ganhar substituindo o diesel, mesmo que ele continue subsidiado, pois vai compará-lo com o etanol ao preço do custo. Como benefício extra, reduziria o “foot print” de carbono do etanol brasileiro que embora pequeno não é desprezível: O setor de cana consome uns 2 bilhões de litros de diesel, que contém mais de 10% da energia do etanol produzido.

Brad Holen virá ao 2º Seminário Internacional sobre Uso Eficiente do Etanol que o Instituto Nacional de Eficiência Energética – INEE está organizando e será realizado nos dias 17 e 18 de setembro na sede do BNDES (centro do Rio de Janeiro). Ele falará sobre os resultados obtidos com as moto-bombas, inclusive em plantações de cana no Brasil (etanoleficiente.inee.org.br).

Jayme Buarque, diretor geral do INEE
Jayme Buarque, diretor geral do INEE
II Seminário Internacional sobre Uso Eficiente do Etanol
II Seminário Internacional sobre Uso Eficiente do Etanol