Aprendendo com a Experiência de Nebraska
Brad Holen, empresário norte-americano do estado do Nebraska é plantador de milho e envolvido com a produção de etanol. Acho que valeria a pena os colegas brasileiros do setor sucroalcooleiro meditarem sobre a experiência dele no que respeita o uso do etanol.
O Nebraska é um estado agrícola. Incomodava a ele e a outros empresários que, embora Nebraska fosse o segundo maior produtor de etanol dos EUA (9 bilhões de litros/ano, cerca de um terço da produção brasileira), 95% da produção era exportada. Eles se perguntavam se o etanol poderia ser usado de alguma forma em benefício do próprio estado.
Analisando os usos de combustível, concluíram que a melhor alternativa seria substituir o diesel, usado pelas moto-bombas de irrigação do milho, por etanol. Considerando, porém, a elevada eficiência dos motores diesel, só teria sentido substituí-lo em bases econômicas. Seria necessário utilizar um motor Otto (o tipo de motor usado nos carros a gasolina e flex) adaptado para aproveitar as propriedades do etanol que o tornam mais eficiente do que o motor a gasolina equivalente.
Isto foi feito por uma empresa que adaptou um motor Otto de grande porte (GM de 8,2 L) para substituir o acionador a diesel. Os resultados econômicos foram importantes: em uma safra (com 1000 horas de irrigação), um motor consegue fazer uma economia de US$ 8 mil com a economia de combustível.
Essa iniciativa poderia inspirar nossos produtores de etanol que utilizam dezenas de milhares de motores diesel na plantação, manutenção, irrigação, colheita e transporte entre o campo e a usina. Atuando de forma articulada eles têm uma capacidade de compra que certamente vai interessar fabricantes atuando no Brasil.
Usando motores apropriados, como fizeram no Nebraska, o produtor de etanol teria a ganhar substituindo o diesel, mesmo que ele continue subsidiado, pois vai compará-lo com o etanol ao preço do custo. Como benefício extra, reduziria o “foot print” de carbono do etanol brasileiro que embora pequeno não é desprezível: O setor de cana consome uns 2 bilhões de litros de diesel, que contém mais de 10% da energia do etanol produzido.
Brad Holen virá ao 2º Seminário Internacional sobre Uso Eficiente do Etanol que o Instituto Nacional de Eficiência Energética – INEE está organizando e será realizado nos dias 17 e 18 de setembro na sede do BNDES (centro do Rio de Janeiro). Ele falará sobre os resultados obtidos com as moto-bombas, inclusive em plantações de cana no Brasil (etanoleficiente.inee.org.br).